sábado, 22 de outubro de 2011

Estamos com fome de amor

Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.

Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.

Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?

Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.

Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.

Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!".

Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.

Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.

Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".

Antes idiota que infeliz!

3 comentários:

  1. Olá Dany,
    Se me permite a expressão, se não permite ela vai na mesma: "caí de quatro"! E AMEI!
    Cada linha, cada palavra, nada tão sensato!
    É mesmo isso que somos: sós, desamparados, desesperados, e pior, às vezes nem sabemos ainda porquê!!!!!!

    Mas é exatamente isso: SOLIDÃO.
    e como você diz, e tão bem, não tem nada a ver com sexo, não tem nada a ver com frescura, tem a ver com calor humano, só a aproximação simples dum outro ser, nem sequer precisa, necessariamente que seja um ser de sexo oposto, ou, se caso for, do mesmo, que não é isso que está em questão, basta que seja um ser que a gente saiba que está ali porque, por alguma razão mesmo que estúpida, gosta de nós e sente-se bem a nosso lado, falando com a gente, ouvindo a gente, olhando na mesma direção.

    A sociedade que criamos, ou que criaram para nós alé de nos colocar numa corrida louca que é mil vezes mais desgastante que a maratona mais dura, fomentou a hipocrisia, a concorrência, e consequentemente a desconfiança.
    Juntando a isso, relações azaradas, pessoas erradas, opções complicadas engrossaram a sopa azeda que nos restou no prato.

    E hoje somos isso: SÓS.
    Incrivelmente me surpreende quando reparo que, se retirarmos o acento vira S.O.S. - save our souls!
    Acho que é isso que estou precisando urgentemente. Eu, você, o vizinho aqui do lado, o vizinho do vizinho, e mais uma grande percentagem da nossa sociedade.

    E não! Românticos não são loucos: SÃO GENTE COM CORAÇÃO DE VERDADE!

    Abç gde

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  2. Olha, só pra você saber, acabei de por um link numa postagem minha no meu blog com indicação deste texto seu, que tem que se espalhar pelo mundo todo coisas tão importantes como este seu texto.

    abç gde

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  3. Obrigado Carmem Um Grande Beijo Pra Vc.

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